2017-07-24

A BIBLIOTECA ILUMINADA – sobre «A biblioteca à noite» de Alberto Manguel




A BIBLIOTECA ILUMINADA – sobre A biblioteca à noite de Alberto Manguel

É um caso raro de fascínio este de haver um objecto literário de cerca de 300 páginas que nos obriga (obriga mesmo!) a uma prisão de fim-de-semana. Partindo de si, da sua biblioteca “desordenada”, é de fulgurações e de desvelos e de incêndios bibliográficos que Manguel fala. Sendo mito, ordem, espaço, poder, sombra, forma, acaso, oficina, mente, ilha, sobrevivência, esquecimento, imaginação, identidade e lar, a biblioteca é tudo e é nada, e é mais do que a própria vida.
Não mais do que consolação buscando, Alberto Manguel constrói a sua biblioteca nocturna, nascida com a forma de “um celeiro alcandorado numa pequena colina a sul do Loire”, como quem erige um farol no tempo, historiando, relacionando, escrevendo e interpretando. E o que ressuma desse labor é a conclusão de estarmos perante um fabuloso leitor de livros com uma incisiva capacidade mostrativa.
Para a nossa glória de portugueses são mencionados os nomes de Eça de Queirós, Camões, Padre António Vieira e Fernão Mendes Pinto, bem como o seminário israelita português. E parte disto é um glorioso cânone assim reconhecido por um leitor comum e profundo…

2017-07-17

Pensamento assistido por George Steiner


«A maior parte das pessoas não lê livros. Porém, canta e dança.» (Lisboa, 2007, p. 9) Eis uma steineriana, mais uma, fulgurante e cirúrgica. A leitura é uma arma, pois. Ou uma arte não menor que é pormenor maior. Isto é, cantas e danças. Muito bem. Mas lerás? Assim não sendo, por que cantas e por que danças?