2015-12-01

Sobre «O livro do Joaquim» de Daniel Faria


1. Quase nunca um livro é assim tão minudente, tão tenso, tão libertador. Sobre a existência dizendo, este golpe poético diarístico é ainda uma tábua de salvação - preso à dor, ao sofrimento, aos sentimentos mais quotidianos e infinitos, eis um fundo e tocante manual de aprendizagem.

2. Aqui não há gangas, excessos, gorduras. Só palavras sílaba a sílaba significantes, significando o rigor da linguagem, o rumor agudo da mensagem, a escorrência vital da dor. Sem isto, não há isto.

3. Apontando o perigo desde o pórtico («Joaquim // no fim deste livro / talvez seja o teu nome a única / palavra que deixemos por riscar»), é de vida que se fala, desse perigo, como o diria um também fulgurante Guimarães Rosa. 

4. Este livro mastiga-se: «Não acredito que cada um tenha o seu lugar. Acredito que cada um é um lugar para os outros.» Este livro não pode ser apenas do Joaquim, pois não?

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