2015-02-24

Ler Tolentino Mendonça


Ler Tolentino Mendonça

Ler Tolentino Mendonça obriga-nos a ler devagar, passe a marca e o chavão. Inconsútil, o texto Tolentino é paragem, descanso e pensamento. Não lavrando, por norma, em construções de grande fisicidade, isto é, de muitas páginas, o distinto escritor é profundidade e não comprimento. Sempre que dele me aproximo, estanco, acalmo e perco-me nos trilhos do pensamento. E parto sempre de breve frase ou de condensado hemistíquio.

«Qual é o sentido do trilho?», perguntava Peter. «Cada trilho conduz a mais do que um sentido», respondia, dizendo não saber, John Wolf. É desta fundura que se levanta o corte com o reducionismo e a deriva facilitista. E segue o grande diálogo de O estado do bosque (2013) que nos convida a um dia  tudo ser abandonado em detrimento dos caminhos do bosque, pois não há tecnologias superadoras. Quem não quer aprender, afinal?

2015-02-20


«Ministro da Marinha fosse eu, por exemplo, e não se me daria de trocar a farda, o chapéu de bicos, o espadim, a pasta, e até as próprias colónias se fossem minhas, por uma página, uma só que fosse, de prosa bem feita.» [Trindade Coelho, A minha «candidatura» por Mogadouro (Costumes políticos em Portugal), Lisboa, Typographia A. de Mendonça, 1901, p. X.]
Da lição fica a acrimónia contra todos os que, pouco sendo, tudo abraçam, como arautos e especialistas.

2015-02-17

[juventude]

[juventude]

eram uns olhos parados na relva
talvez pequenas flores mordentes
do nevoeiro caídas como archotes
engastados marfins  na fonte sendo
estáticas pedras de terras distantes
rios de sangue em mim correndo
como um grito jovem na velha manhã.

2015-02-10

Apresentação do novo livro de Manuel de Lima Bastos «Mestre Aquilino, a caça e uma gaita que assobia», no Centro Municipal de Artes de Sernancelhe, pelas 16 horas do dia 14 de março, com intervenções de Arlindo Cunha e D. Manuel Martins.


Apresentação do novo livro de Manuel de Lima Bastos «Mestre Aquilino, a caça e uma gaita que assobia», no Centro Municipal de Artes de Sernancelhe, pelas 16 horas do dia 14 de março, com intervenções de Arlindo Cunha e D. Manuel Martins.

2015-02-04


[noite]

não compreendo as palavras
como facas mortes túmulos
silêncios escuros ocasos noites
palavras assim não compreendo
como de tal modo esta penumbra.