2013-07-24

[FARPINHAS] – OITO

[FARPINHAS] – OITO

O processional é um caso nacional. O processional segue, rasteja, persegue, ajoelha, prostra-se, afunda-se, cala-se, obedece, abana mesmo a cabeça. O processional existe em qualquer lugar português. Há mesmo uma longa fila à espreita: são bufos, fanáticos, hesitantes, não comem nem carne nem peixe às sextas. Abusam do seu rastejo – diminuídos, deselegantes, tarados, eles rojam-se aos pés da ordem, beijam quaisquer poderes e engolem quaisquer críticas como vulgares petiscos, não olham a meios e sabem os fins.
Insinuante nas praças e nos areópagos, o processional aguenta qual atlante o seu momento. O processional roja-se no momento certo, agitando as mãozinhas moles e abanando a cauda muito domesticada. Em presença do chefe, o processional é mais do que sombra ou anjo da guarda.

O processional não existe, está em processo. O processional jaz num recesso muito ressesso.

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