2013-04-23

[perdição]


nada perde o já perdido
como ilusão desmerecida
afundando em velha clave.

aí se salva a morte o grito
o salto felino na sorte o dia
súbito rompente como mito.

esta a casa a rude casca o sol
espelhando o mel a seda a pele
um barco em ti sobre o mar.

eis o sangue a ferida delida
a memória vazia nos dedos
aí todo o silêncio mordente.

azul hiante azuliante o chão
opacas as horas fendentes
esta faca o marfim os dentes.

na pedra fria caído arde o corpo
nu nas sombras nos muros na cal
onde explodem todos os rios.

tenso em arco as frechadas
nuvens transparentes o éter
sobre os cães do tempo a morte.

gestante uma veia avulta – a morte. 

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