2012-12-16

dos "Diários" de Al Berto - 13


"às vezes sinto um grito subir de muito longe, dalgum lugar insuspeito, mas vivo e revoltado, de meu corpo." [p. 247]

Às vezes um grito emerge das páginas de Raul Brandão e Vergílio Ferreira, roendo-nos dias a fio num íntimo inexplicável. Na chuva da noite, nesse silêncio opaco elementar, cavam-se gritos como cafés cheios e vividos. Explodem nas mãos os rios, o sangue cruza as azinhagas e toda a morte é um sopro nos tímpanos. A um canto nasce ondulante um grito. Outro nasce neste silêncio que tão bem ouço. Tal a distância entre o que é e o que poderia ser.

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