2009-11-01

nostalgia

sei bem que o sono vem lentamente
cobrindo a noite do tempo antigo
e que os animais afagam o curro
como se nova arquitectura viesse
do sopro quente da lama perto.

uma clara mão envolve-te fundo
e dentro do colchão ouves lento
as primeiras chuvas e os ventos
que rompem as trevas de dor.

uma porta no longínquo quintal
bate contra o ladrar dos cães
e um primeiro pegureiro rápido
afunda os passos no passado
como nocturno rio declinando.

os silêncios cavam as palavras
e um prego esfrega a gengiva
enferrujando o marfim breve
e a raiz do metal do medo...

uma janela bate no coração.

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