2008-08-19

poema 119 das "Rubaiyat" de Omar Khayyam

foto de federica salvatori

119

Amor que não devaste não é amor.
Uma brasa espalha ainda o calor de uma fogueira?
Noite e dia, durante toda a sua vida,
o verdadeiro amante se consome de dor e de alegria.

[tradução de Fernando Castro]


2008-08-17

"Capricho" de Carlos Queiroz




Última(?) fotografia de Carlos Queiroz, tirada em Paris
CAPRICHO

Podes dormir. Podes dormir, serena,
Como dormias em pequena,
Depois da benção maternal.
Não rezaste? – Não rezes, não faz mal!
Há um condão em ti,
Há um halo divino, que eu bem vi
Na tua fronte, a iluminar-te o berço,
À flor das ondas, nesse mar que existe...
(Não digas que nunca o viste!)
Suspenso no Universo.

[Carlos Queiroz, inédito]

2008-08-16

Dalí (II)

sem margem som ou fúria
o sonho esbarra no muro
e tu ficas só sobre o fogo...

2008-08-14

Ilustração de Bernardo Marques para "Eléctrico" de José Gomes Ferreira

V
(Mais uma definição de poeta num carro
eléctrico para Almirante Reis.)
Poeta o que é?
Um homem que leva
o facho da treva
no fundo da mina
- mas apenas vê
o que não ilumina.

2008-08-13

"Desaparecido" de Carlos Queiroz


Desaparecido

Sempre que leio nos jornais:

«De casa de seus pais desapar’ceu...»

Embora sejam outros os sinais,

Suponho sempre que sou eu.

Eu, verdadeiramente jovem,

Que por caminhos meus e naturais,

Do meu veleiro, que ora os outros movem,

Pudesse ser o próprio arrais.

Eu, que tentasse errado norte;

Vencido, embora, por contrário vento,

Mas desprezasse, consciente e forte,

O porto do arrependimento.

Eu, que pudesse, enfim, ser eu!

- Livre o instinto, em vez de coagido.

«De casa de seus pais desapar’ceu...»

Eu, o feliz desaparecido!


Carlos Queiroz
Desaparecido e Outros Poemas
Lisboa, Livraria Bertrand, 1950

2008-08-12

Dalí


urgente um pássaro

um pássaro urgente

2008-08-11

"Mortis causa", de Ruy Belo, com atraso e porque sim e no pensamento


Mortis causa

Mulher de gestos dia a dia mais pequenos,
fosses tu qualquer coisa, uma cadeira ao menos
houvesse para ti sempre lugar em tua casa
e não ires um dia assim convencional serena
como papel ou lixo pela escada abaixo

Mulher espremida enquanto deste vida
e resumida à pequenina luz que se liberta
do gesto estritamente necessário linha recta
para anular o espaço entre a mão e a coisa
movimentos dos dias divergentes de outros dias
E tudo vai moendo e remoendo momento a momento
triturando colhendo arrepanhando
face ficta fraca e fIXa
a fruta em frente fita, frígida fremente

[boca bilingue]

2008-08-10

"Las Misiones Pedagógicas"


Con motivo de la muestra Las Misiones Pedagógicas, 1931-1936, se ha editado el catálogo de la exposición, que destaca como publicación central en la celebración del 75 aniversario de la creación de las Misiones. Coeditado por la Sociedad Estatal de Conmemoraciones Culturales y la Residencia de Estudiantes bajo la supervisión de Eugenio Otero, comisario de la exposición, el catálogo incluye una cronología exhaustiva de las Misiones, a partir de la cual se encuadran los detalles específicos de cada actividad, que son abordados por los diversos especialistas en cada uno de los aspectos de las Misiones Pedagógicas, siguiendo así la misma estructura en módulos que la exposición.

Los grandes bloques en que se divide el catálogo son: las Misiones Pedagógicas y sus protagonistas; las bibliotecas; el Museo del Pueblo; el cine; la música y el Teatro y Coro del Pueblo; el Retablo de Fantoches; el contexto internacional de las Misiones Pedagógicas, y las fotografías de las Misiones. Cada uno de esos bloques se subdivide a su vez en otros apartados, que han sido estudiados por una nómina de especialistas entre los que se cuentan Xosé Luis Axeitos, Manuel Aznar Soler, Valeriano Bozal, José Ignacio Cruz Orozco, Nigel Dennis, Horacio Fernández, María García Alonso, Jordana Mendelson, Víctor Pliego de Andrés, Alfonso Puyal, Gonzalo Sáenz de Buruaga, Ramón Salaberría y el propio comisario de la exposición, Eugenio Otero Urtaza. Se incluyen también los testimonios históricos de Luis Álvarez Santullano, Pablo de AndrésCobos, Enrique Azcoaga, Alejandro Casona, Américo Castro, Luis Cernuda, Carmen Conde, Leopoldo Fabra, Eduardo García Maroto, Raúl González Tuñón, José Marzoa, Gonzalo Menéndez Pidal, María Moliner, Juan José Plans, Laura de los Ríos y Arturo Serrano Plaja. El volumen se completa con dos anexos: la relación de misiones llevadas a cabo y la relación de misioneros que participaron en ellas, y, como es habitual en los catálogos de la Residencia, con la relación de obras y documentos expuestos y un índice onomástico. Acompaña a esta edición un CD con las canciones interpretadas por los Coros de las Misiones Pedagógicas dirigidos por Eduardo Martínez Torner. Esta grabación procede de cuatro discos de pizarra grabados en 1934.

Edita Sociedad Estatal de Conmemoraciones Culturales
Residencia de Estudiantes
2007
25x22 cm.
408 páginas
1 CD
Encuadernación en cartoné

2008-08-07

"andanças"


"Rádio, Altares e Milagres", por Marcia Frazão

Nas casas de minhas avós os altares se espalhavam por todos os cantos. "Nichos de recordações", Vitalina explicava a qualquer visita que perguntava. "Saudades de Portugal", Virgínia respondia, oferecendo ao curioso uma taça de ovos nevados.

As respostas chegavam aos ouvidos das visitas como excêntricas heresias. "Perversão carola", eu cheguei a ouvir de um vizinho de Vitalina, um senhor que batera à sua porta para reclamar da bagunça que as crianças da rua faziam em seu jardim e se assustara com o pequeno altar que Vitalina erguera sobre um pomposo rádio de madeira. Sobre ele, um enorme cachorro de porcelana branca, um copo de água, imagens de Nossa Senhora Aparecida, São Benedito, Iemanjá, São Cosme e São Damião, um anjo de asa quebrada, um retrato de minha falecida tia Nadir e uma foto de Francisco Alves, o cantor das multidões. Tudo isso sobre um escandaloso pano de crochê turquesa, arrematado nas pontas por exibidas rosas vermelhas.


"Elogio à cafonice", talvez dissesse alguém com rígidas normas de decoração. "Tropicalismo católico", certamente Vitalina replicaria. Se os altares eram ou não heresia, cafonice ou tropicalismo cristão, isso não vinha ao caso. O importante é que eles funcionavam. E como!


Se analisado por estudiosos de teologia, certamente o "funcionamento" também seria considerado uma heresia, mas, como nenhum teólogo jamais visitou as casas de minhas avós, os altares seguiam livres, operando pequenos (e grandes) milagres.


O altar fonográfico de Vitalina, por artes dos latidos do cão de São Lázaro, pela persistência de Nossa Senhora Aparecida ou pelos acordes afinados de Francisco Alves, endireitou a gagueira de Mauro, meu irmão. Na época muita gente se recusou a admitir que um rádio pudesse operar tamanho milagre. "Desconjuro, dona Vitalina, de onde já se viu rádio fazer milagre?", dizia Benedita, sua amiga fiel, benzendo-se.


O que as pessoas não percebiam é que, por mais carnavalizados e estranhos que fossem, naqueles altares residia "o poder do impossível", como Virgínia costumava dizer. Ali, entre imagens sacras, flores, retratos, velas, botões, medalhas, moedas, galos de cerâmica, notas de jogo de bicho, lembrancinhas de aniversário e quinquilharias, Vitalina e Virgínia se fundiam com o coração do mundo, o coração da Senhora dos Muitos Olhos e Braços.


E assim fundidas elas agarravam o tempo e dele faziam o que queriam. Esticavam o futuro, atravessavam o presente, cerziam o passado e faziam de conta que podiam voar e mover montanhas.


Um dia, sem muito espalhafato e poucas testemunhas, nasceram-lhes asas. Voaram e sumiram nas nuvens em busca da Mãe.


Vez por outra elas me visitam nos altares que me ensinaram a erguer...





Texto extraído do meu livro Guadalupe e as Bruxas publicado pela Editora Planeta.
Obs: se vc quiser dar uma olhadinha (pode ser só uma olhadinha) em meu trabalho, dá um pulinho rápido (pode ser na velocidade da luz) no meu blog. Yeeesssss! Já tenho um blog. O endereço é www.marciarfrazao.blogspot.com

2008-08-02

"Santiago Ramón y Cajal. Premio Nobel 1906"


 

Índice
Cronología. Juan Fernández Santarén

Santiago Ramón y Cajal, su vida y su mundo. Juan Fernández Santarén, Pedro García Barreno y José Manuel Sánchez Ron


El Premio Nobel de Fisiología o Medicina de 1906. Juan Fernández Santarén


Estructura y conexiones de las neuronas. Conferencia del Premio Nobel. Santiago Ramón y Cajal


La escuela de Cajal. Francisco J. Martínez Tello

Cajal y la comunidad neurocientífica internacional. José Manuel Sánchez Ron

La narrativa de Cajal: Cuentos de vacaciones. José Carlos Mainer

Los dibujos de Cajal. Luis Miguel García Segura, Javier DeFelipe

Santiago Ramón y Cajal y la patología. Santiago Ramón y Cajal Junquera

Cajal, mito. Carlos Castilla del Pino

Camillo Golgi. Paolo Mazzarello

La obra científica de Cajal. Constantino Sotelo, Carlos Belmonte

Viejos recuerdos. Silvia Cañadas Ramón y Cajal

La obra de Cajal, cumbre de tres siglos de histología en España. José María López Piñero


Relación de obra y documentos expuestos

Índice onomástico

Edita
Ministerio de Cultura, Ministerio de Educación y Ciencia, C.S.I.C.,
Gobierno de Aragón, Sociedad Estatal de Conmemoraciones Culturales
Madrid, 2006
Encuadernación en cartoné con sobrecubierta
25x21 cm
380 páginas
Fotografías

50 €

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