2007-04-12

no chão do verão

no chão da infância lembro os ossos
afundados na areia e o vento breve
segredando ao ouvido um poço fundo
a haver como se o listado dos panos
fosse uma girafa no quarto de brincar.

também na chuva do pátio um relâmpago
e o marulhar do sangue as negras sombras
longe ainda do abismo dos dias da secura
no dorso da teia o toque dos sinos dentro
o coração mesmo fora da boca percutindo.

sei que então a chuva não molhava assim
e que o cabelo que penteava na sombra
era a única cinza fundida dentro do verão.

3 comentários:

isabel mendes ferreira disse...

inclino-me.


no pescoço de um verão que ameaça ser de água...



um beijo.


doce.


no quarto da memória.

hfm disse...

repito-me, repito-me... gostei muito.

Anónimo disse...

Absolutamente belo. Parabéns.